Interessante filme noir, com os excelentes Peter Lorre e Sydney Greenstreet interpretando dois homens que, cada qual por suas razões, tentam reconstituir os passos de Dimitrios Makropoulos (Zachary Scott), um famoso marginal encontrado morto numa praia de Istambul.
Lorre e Greenstreet fizeram inúmeros filmes juntos, mas os mais conhecidos são, certamente, “Relíquia Macabra” e “Casablanca”, nos quais são coadjvantes de Humphrey Bogart. Neste aqui, entretanto, ambos conduzem a história, o que lhes dá maior espaço para mostrar qualidade.
De forma bastante incomum, temos Peter Lorre interpretando um personagem completamente normal: não é um assassino perigoso nem m esquizofrênico assustador. É simplesmente um escritor de romances policiais, que busca na história real de Dimitrios fonte de inspiração para seu próximo livro. Já a motivação do personagem de Greenstreet não fica muito clara ao longo de todo filme, só se revelando ao final.
Uma vez que o filme inicia com Dimitrios morto, já se pode esperar que tudo o que vamos ficar conhecendo sobre a vida dele nos será mostrado em flashbacks.
A direção é de Jean Negulesco, o mesmo dos ótimos “Acordes do Coração” e “Johnny Belinda” (que lhe valeu indicação ao Oscar).
Como todo cinéfilo que se preza adora encontrar referências cruzadas entre os filmes, não dá para deixar de registrar a cena em que Greenstreet e Lorre fogem de um vilão que os persegue e conseguem escapar ao entrarem no metrô parisiense, enquanto o perseguidor frustrado apenas assiste da plataforma de embarque e ainda é saudado com um aceno debochado. Vinte e oito anos depois teríamos situação idêntica em “Operação França”.
por Alexandre Cataldo