Charles Pathé
Charles Pathé foi o grande responsável pela industrialização do Cinema na França, enquanto na Inglaterra, este continuava ainda artesanal. Filho de um salsicheiro de Vicennes, ele partiria para o Novo Mundo em busca de sucesso e voltaria de Buenos Aires após epidemia de febre amarela. De volta a Europa, compraria um fonógrafo de Edison, e com ele, começaria a fazer sucesso na feira de Monthéty. Adquiriu também um kinetoscópio de William Paul e com a ajuda dos quatro irmãos, juntou 20.000 francos para montar uma sociedade de cinema. Um processo instaurado por um cliente quase os arruinou. Mesmo assim, a venda de cilindros de cera dos fonógrafos prosperava e a Casa Pathé Frères acabou por chamar a atenção de Grivolas, um engenheiro e fabricantes de aparelhos elétricos, que propôs aos irmãos (agora eram dois, Charles e Émile) uma sociedade. Ancorados financeiramente por Grivolas, esta sociedade de Vicennes pôde então seguir o caminho do sucesso.
Ferdinand Zecca, originário de uma família de artistas, recebeu a incumbência de Pathé, de tocar as produções da sociedade. Ele se tornaria um homem de vários ofícios da firma, dirigindo alguns filmes e supervisionando outros. Acumulava várias funções, entre elas, decorador, ator, diretor, roteirista e sua obra prima para a Pathé foi “A vida e a paixão de Jesus Cristo”. No início, era acusado de copiar Méliès, mas sua real inspiração vinha da Escola de Brighton. A grande façanha de Zecca foi conhecer o gosto do povo: com as salas abandonadas pela alta sociedade e o cinema de feira indo de vento em poupa, a Pathé produzia seus filmes para atender a demanda popular.
Ferdinand Zecca
O período de 1903-1909 foi o auge do domínio da Sociedade Pathé. A firma de Vicennes criara um império em cinco anos de atuação no mercado, alcançando enormes lucros e cobrindo todas as despesas correntes de cada ano, só com o faturamento de janeiro. Agências Pathé eram abertas em todos os cantos do mundo: Londres, Nova York, Bruxelas, Moscou, Amsterdã, Barcelona, Milão, Calcutá, Singapura etc. e os lucros se multiplicavam de forma estrondosa. Em 1907, Pathé realizou uma importante manobra que alavancaria ainda mais o seu império: decidiu que a partir de então, a firma não mais venderia as películas. Um sistema de aluguel foi implementado e a partir de então se definia a estrutura que permanece até hoje: a produção de filmes, o ramo de distribuição e o de exibição. A ambição agora era dominar a fabricação das películas. Existia um único gigante, a Eastman Kodak, que praticamente não tinha concorrentes e fabricava 95% das películas usadas no mundo. Com novas técnicas descobertas por pesquisadores alemães, a fabricação fora dos Estados Unidos, que antes era incipiente, agora se tornou concreta. Pathé então adquiriu a fábrica inglesa Blair e a modernizou, agregando a seu império mais um braço.
Em 1908, a venda total de películas pela Pathé, nos Estados Unidos, foi o dobro da soma geral de todas as vendidas pelos produtores americanos. Em seis anos, havia sido criado um trust gigantesco, que em seu apogeu, dominava mais completamente a indústria cinematográfica – cuja importância era menor do que nos tempos modernos – do que jamais consegui a indústria Hollywoodiana.
A Vida e a Paixão de Jesus Cristo
Ao mesmo tempo em que seu capital crescia, a Pathé expandia seus horizontes artísticos e incorporava gêneros como a perseguição cômica, o romance, o drama sentimental e os filmes eróticos. Zecca era o grande comandante destas produções.
A Gaumont surgia como uma rival da Pathé e em 1905, os êxitos desta, levaram aquela a produzir em grande escala, construindo para isso o maior estúdio do mundo, em Buttes-Chaumont. Outras empresas surgiam com certa força, como a “Eclipse”, derivada da “Urban Trading” e a “Éclair”, que tinha sua produção encabeçada por Victorin Jasset. Nenhum destes rivais, no entanto, fizeram frente à Pathé. Seu declínio começa em função de outras empresas que começam a surgir em outras partes do mundo, na Europa e, sobretudo, na América.
por Fred Almeida