A carreira americana do diretor Fritz Lang está repleta de bons filmes, mas quando temos que citar algum deles, geralmente recorremos a duas “fases”: a segunda metade dos anos 30 (que rendeu filmes como “Fúria” e “You Only Live Once”) e a sua fase noir (com clássicos do gênero, como “Almas Perversas”, “Um Retrato de Mulher”, “Os Corruptos” e “Desejo Humano”). Já sua produção do curto período entre aquelas duas fases, justamente o período da Segunda Guerra, não costuma chamar muito a atenção. Mas até deveria, pois temos ali, ao lado de alguns westerns sem grande destaque (“O Retorno de Frank James”, uma seqüência do “Jesse James” de Henry King, agora com o foco no irmão do lendário bandido; e “Western Union”), dois ótimos dramas de guerra, repletos de suspense e com clara mensagem anti-nazista (“O Homem que Queria Matar Hitler”/”Man Hunt” e “Os Carrascos Também Morrem”).
Neste último, baseado numa história de Bertold Brecht, acompanhamos a resistência tcheca aos invasores nazistas. Brian Donlevy interpreta o médico escolhido para cometer um atentado contra o chefe do governo nazista em Praga, apelidado de “O Carrasco”. Quando a Gestapo passa a caçar o responsável, a população exibe uma alta dose de comprometimento para protegê-lo. Walter Brennan, um coadjuvante sempre competentíssimo, está excelente. Destaque para a seqüência em que a resistência, de maneira inteligente e bastante conveniente, incrimina o personagem de Gene Lockhart, após descobrirem que se trata de um informante dos nazistas. Assim resolvem dois problemas: aplacam a ira dos nazistas, ao lhes oferecer um falso culpado, e livram-se do informante.
Para auxiliar na ambientação do filme na Tchecoslováquia, em várias oportunidades ouvimos “O Moldava”, um belíssimo poema sinfônico de Bedrich Smetana, considerada quase um hino nacional “extra-oficial” do país.
por Alexandre Cataldo em 10/07/2007