O diretor Robert Wise tem como seu principal mérito o fato de ter feito bons filmes em quase todo tipo de gênero, como ficção-científica (“O Dia em Que a Terra Parou”), musicais (“Amor, Sublime Amor” e “A Noviça Rebelde”), terror (“The Body Snatcher”), guerra (“Ratos do Deserto”), drama (“Quero Viver!”). noir (“Punhos de Campeão” e “Nascido para Matar”), dentre outros.
“Terrível Suspeita”, que ele dirigiu em 1951, não é um filme ruim, mas peca por não manter um bom ritmo até o final, chegando a ficar enfadonho na segunda metade, quando é construído enorme suspense mas o desfecho é previsível.
A história é contada em flashback, na narrativa da protagonista. Victoria Kowelska (Valentina Cortese), uma polonesa prisioneira de um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial que faz planos ambiciosos para o caso de conseguir sair com vida dali. Após a liberação pelos Aliados, assume a identidade de uma amiga morta no confinamento, a qual possuía parentes ricos em San Francisco e parte para lá, afim de se passar por ela.
Valentina Cortese está um pouco cansativa com seu sotaque polonês forçado. Já o papel masculino principal é de Richard Basehart, que não chega a ser um grande ator. Ambos se conheceram neste filme e logo depois se casariam. Incrivelmente, porém, não transferiram a química da vida real para as telas.
O que mais me chamou a atenção neste filme é que há similaridades com dois bons filmes de Hitchcock: “Rebecca” e “Suspeita”. Do primeiro, temos a mansão opressiva; a nova dona da casa que chega; a governanta soturna e ameaçadora, que parece se sentir a dona da casa. Do segundo, os indícios de que o marido quer matar a esposa (inclusive com direito a close em copo de bebida possivelmente envenenado, embora aqui se trate de suco de laranja, e não do copo de leite hitchcockiano). Claro que nem chega aos pés dos dois filmes de Hitchcock, mas não deixa de ser interessante tal constatação.
por Alexandre Cataldo