Um dos principais “chavões” da temática dos film noir é mostrar personagens afáveis, mas que por um pequeno lapso moral, enfrentam um verdadeiro purgatório, em geral sendo obrigados a lidar com o submundo. Em “Pecado sem Mácula”, o mote é muito bem utilizado, com o carteiro Joe Norson (Farley Granger) desviando-se do bom caminho ao roubar uma maleta que julgava conter alguns poucos dólares, com o objetivo de custear o parto de sua mulher (Cathy O’Donnell, novamente contracenando com Farley Granger, um ano após “Amarga Esperança”, de Nicholas Ray). Claro que teria que dar errado! Claro que a maleta teria que conter algumas dezenas de milhares de dólares! Claro que seria dinheiro sujo! E claro que Norson passa o resto do filme tendo que lidar com a culpa, com o arrependimento e, pior de tudo, com o fato de se tornar o principal suspeito de um crime. Farley Granger, com seu inafastável ar de “rapaz atordoado”, cai como uma luva no papel de Norson.
A direção de Anthony Mann, que assina aqui o seu último filme noir, gênero em que foi competentíssimo, podendo-se citar, dentre outros, “Railroaded!”, “Moeda Falsa”, “O Demônio da Noite” (do qual dirigiu apenas um a parte) e “Mercado Humano”. São todos filmes extremamente consistentes, com ótimo estilo narrativo e visual. Bem verdade que, em vários deles, boa parte do mérito visual deve-se ao diretor de fotografia John Alton. Neste filme, porém, não é Alton que assina a fotografia, mas o também prestigiado Joseph Ruttenberg, várias vezes indicado ao Oscar e vencedor por quatro vezes. E, verdade seja dita, a fotografia é talvez o principal atrativo do filme. Poucas vezes vi a Nova Iorque dos anos 40 tão bem mostrada como neste filme. Há várias cenas que poderiam entrar para um lista das melhores dos film noir, como a de Joe Norson, já procurado pela polícia e pelos gangsters, entrando às escondidas no hospital para ver a esposa após o parto. Ou ainda as duas cenas, dentre elas a seqüência final, que se passam dentro de um táxi.
por Alexandre Cataldo
Bom filme, não gostei muito do final, da atriz que faz a mulher do protagonista achei muito exagerado a atuação dela, mas tirando isto é um filme que merece ser visto. A cada filme que vejo do Anthony Man que vejo percebo que ele é um grande diretor.
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A Cathy O’Donnel era fraquinha mesmo, mesmo no Ben-Hur, fazendo um papel menor dá pra ver que falta talento… O Mann era ótimo diretor, se saía bem até fazendo estes filmes menores…
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Vc gosta mais dos westerns ou dos noir do anthony man?
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Escolha difícil… Westerns como Winchester’ 73, O Sangue semeou a Terra, O preço de um Homem são muito bons… Mas film noir como Raw Deal, T-Men são muito bons, principalmente por causa da participação do John Alton na fotografia… He walked by Night é outro filme noir muito bom… Tudo da linha “B”…
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