Dos filmes dirigidos pelo alemão Fritz Lang na sua chamada “fase americana”, “vive-se Uma só Vez” é um de meus prediletos. Sendo de 1937 e, portanto, anterior em alguns anos ao período clássico dos filmes noir, podemos dizer que se trata de um precursor daquele gênero.
Não é por acaso que o próprio Fritz Lang, já consagrado como um dos expoentes do expressionismo alemão, viria a ser também um dos diretores mais importantes do Cinema noir, deixando obras do peso de “Almas Perversas”, “Um Retrato de Mulher” e “Desejo Humano”.
Grande parte do apelo do filme vem dos dois protagonistas: Henry Fonda e Sylvia Sidney são atores bastante “simpáticos” de um modo geral e é difícil gostar de vê-los em cena. E ambos estão muito bem no filme. A crítica Pauline Kael chegou a dizer que nenhum dos dois jamais esteve melhor (exagero, na minha opinião).
Pode-se dizer que a história segue a linha “Bonnie and Clyde”, ou seja, conta a história de um casal fugitivo da lei. Ex-presidiário, Ed Taylor (Henry Fonda) tenta recomeçar uma vida honesta. Recém-casado e com a esposa (Sylvia Sidney) grávida, tem um incentivo extra pra entrar na linha. Mas a vida não é fácil com ex-presidiários.
Não dá pra falar muito, pra não estragar a diversão de quem ainda não viu, mas algumas cenas são antológicas: quando Ed é julgado, somos informados do resultado pela reação do editor do jornal, que, ao receber o resultado do julgamento pelo telefone, indica qual das 3 manchetes previamente elaboradas (inocente, culpado ou sem veredito) seria publicada. Esse filme merece ser visto por todos que curtem o gênero noir.
por Alexandre Cataldo