Joseph Losey (mais lembrado pro ter dirigido “O Criado”, 1963) dirigiu este típico filme noir B, com Van Heflin interpretando o policial mau-caráter Webb Garwood. Certa noite, Garwood e seu parceiro Bud atendem a uma ocorrência. Susan Gilvray (Evelyn Keyes), que fica sozinha em casa todas as noites (o marido é um famoso radialista e apresenta um programa noturno), relata ter visto um intruso nos jardins de sua casa. Atraído por ela, Garwood retorna diversas vezes à casa e acaba despertando também o interesse de Susan, que no entanto reluta em corresponder. Numa das visitas, Garwood descobre um testamento do marido, beneficiando Susan. O interesse de Garwood deixa de ser apenas físico e, agora, ele planeja o assassinato do radialista.
Temos no filme dois dos motes principais do “repertório” noir: o homem perdedor, frustrado com o que considera uma injustiça do destino, por não ter galgado uma melhor posição na vida; e o plano do amante para eliminar o marido, base de filmes como Pacto de Sangue, O Destino Bate à Sua Porta, Impacto. Apesar disso, percebemos detalhes atípicos: não é a mulher que manipula um homem inocente para planejar o crime; aqui temos um homem já originalmente mau e uma mulher cujo único pecado é entregar-se facilmente ao policial, não resistindo à solidão das noites que passa sozinha.
As atuações não chegam a chamar atenção. Nem Van Heflin, nem Evelyn Keyes (“a irmã mais nova de Scarlet O’Hara” e ex-mulher de John Huston) podem ser considerados grandes atores. E a direção de Losey é mais que discreta. Por tudo isso, dá pra dizer que “Cúmplice das Sombras” é um filme apenas razoável, sem nada que lhe confira destaque.
por Alexandre Cataldo